NOTA DE REPÚDIO - CEPE
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), na Sessão Ordinária do dia 28 de maio de 2019, decidiu, por unanimidade, manifestar seu repúdio às manifestações racistas contra o professor Gustavo Henrique Araújo Forde em comentários publicados nas redes sociais de um jornal que entrevistou o docente.
O professor tem uma carreira reconhecida e premiada, ingressou na Universidade por meio de concurso público e dedica-se à produção de conhecimento e à formação crítica sobre o racismo em suas pesquisas, aulas, publicações e orientações acadêmicas há vários anos. Atacar Gustavo Forde é desrespeitar toda a comunidade acadêmica da UFES, tanto quanto é crime previsto em lei.
Entendemos que os comentários que destilam seu preconceito na matéria em que seu último livro autoral esteve em foco só reforçam o que o professor afirma em suas pesquisas e na matéria publicada: o racismo é institucionalizado na sociedade brasileira e precisa ser revertido por meio da formação dos indivíduos, que não só naturalizam sua aversão e ódio, mas também desconhecem os dados da realidade brasileira (e mundial) sobre a história, as condições de vida, as opressões sofridas, as lutas enfrentadas, as contribuições e as conquistas do povo negro. Entendemos que esta é a função precípua da Universidade: produzir e aprofundar o conhecimento e disseminá-lo amplamente, reforçando o compromisso da UFES com o respeito à Declaração Universal dos Direitos Humanos, aos valores professados na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena. Nossa instituição oferece a disciplina “Educação das Relações Étnico-Raciais”, para a qual, além de Gustavo Forde, mais dois professores foram concursados e dedicam-se à disseminação de estudos da questão racial no Brasil.
O CEPE expressa consternação por termos avançado tão pouco no respeito às diversidades, manifesta seu apoio ao docente e lastima que o jornal não tenha impedido manifestações racistas em sua página, fomentando a propagação de discursos dessa natureza. Por fim, registramos nosso entendimento de que as ofensas e injúrias ao professor Gustavo Forde não apenas assumem dimensão individual, mas atacam todas as negras e negros, bem como todas as demais pessoas que lutam por uma sociedade mais equânime e respeitosa. Somos contra o racismo, o preconceito e o ódio, cujo resultado é a desumanização, a barbárie e a violência para todos– agressores e agredidos.
Sala das Sessões, 28 de maio de 2019.
Ethel Leonor Noia Maciel
Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão
Na Presidência
